sexta-feira, 15 de maio de 2009

Anorexia

História real*

A Teresa tinha 15 anos quando entrou em coma. Era tão nova e tão bonita, mas julgava-se feia, descomposta, desengonçada e extremamente gorda. Se a situação não tivesse sido tão grave e problemática seria irónico para aqueles que conhecem a Teresa. Como é que uma rapariga de quinze anos, com um sorriso sedutor, alta e tão elegante poderá achar que não pertence aos padrões actuais da moda?! É tão ridículo como alguém pode quase perder a vida por uma estupidez dessas. E, chega-se a uma determinada altura, que o problema deixa de ser só dela para ser de todos aqueles que a amam.Os pais, sempre falaram tanto com ela... E quando nas novelas ou nos jornais ou nas televisões abordavam o assunto da anorexia, os pais da Teresa diziam sempre que se, um dia, por acaso, isso lhes acontecesse, eles saberiam logo notar e nunca deixariam as coisas chegarem ao ponto de ter que haver internamento devido a perturbações graves e a problemas relacionados com a saúde. Mas, as coisas acontecem sempre tão rápido, e a Teresa era uma rapariga ajuizada e, na verdade, os pais nunca se sentiram ameaçados em relação a isso, porque conheciam a filha que tinham e não a julgavam capaz de passar por tal.E foi tão fácil perder peso. Passou a ficar mais tempo na escola e, assim, foi tudo muita mais fácil, porque se era lá que passava a maior parte do tempo, era lá que, sozinha, teria que se alimentar e, incrivelmente, teve dias que não comia nada. E, em casa, sempre que, por algum motivo, a “obrigavam” a comer ela lá o fazia, mas em seguida tudo o que tinha comido era, de imediato, “expulso”. Na escola, acreditavam que era em casa que ela tinha as boas refeições e, em casa, julgavam que era na escola... Daí, a situação da Teresa, ter sido facilitada. As roupas eram largas para não se notar a perda de peso, o rosto ia ficando cada vez mais pálido, as tonturas eram constantes e a má disposição começava a ser diária. Dias, semanas, e até meses sem ser descoberto o problema da Teresa, embora as suspeitas já começassem. Mas foi a professora de matemática da Teresa que teve em atenção a sua situação e se apercebeu do seu problema. Alertou os pais e os amigos e foi difícil fazer com que a Teresa acreditasse que estava doente, pois ela insistia em achar-se gorda, mesmo quando chegou a pesar 36 kilos. Foram tempos terríveis que deixaram marcas. Fazia impressão olhar para o rosto dela, para as suas mãos em que a pela quase se desfazia; o cabelo, tão fraco, feio e a aquela cara, com pele enrugada e só ossos, faziam crer que estávamos a olhar para um cadáver. Era terrível e foi difícil para todos superar aquela situação. Hoje a Teresa sabe que nunca deveria ter feito o que fez, sabe que a beleza que ela realmente tinha perdera-a simultaneamente com todo o peso que perdeu e, aí, ficou realmente feia, deselegante e tornou-se numa pessoa desagradável porque psicologicamente continua afectada. Mas, apesar de tudo, a situação dela poderia ter sido bem pior se ela não tivesse o apoio que teve, o amor incondicional que nunca lhe faltou, mesmo nos momentos em que ela era arrogante e desagradável para as pessoas que a tentavam ajudar. Se assim não fosse, certamente ela nunca teria saído do coma e o destino mais provável seria a morte. Mas isso não aconteceu e, agora, anos depois, continua a tentar recuperar. Está gorda, mas dos imensos medicamentos que tem que tomar e, assim, desgraçou a sua vida, pelo menos a vida de menina feliz que dantes tinha e que jamais poderá recuperar. Agora, apenas tenta ser feliz com aquilo que tem e, sem dúvida, ama todos aqueles que nunca a deixaram, porque a amizade, porque o verdadeiro amor faz com que ultrapassemos as piores situações, mesmo aquelas que nos parecem sem solução.
* Dizem!
postagem: Débora Moroz

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