quinta-feira, 9 de julho de 2009

Escutar é mais dificil do que falar.Para falar é só abrir a boca e sair dizendo quaquer coisa. mesmo que seja bobagem, mas para escutar temos que nos concentrar e nos desligar do mundo que está a nossa volta, como quando mergulhamos que "somos todos olhos e ouvidos".
Pedro Izolan
O texto de Rubem Alves nos faz refletir sobre gestos do cotidiano que fazemos sem notar. Temos um pensamento egoísta, pois pensamos que os problemas dos outros são sempre menores que os nossos, nunca estamos abertos para ouvir os outros, mas sempre obrigamos os outros a nos escutarem, somos incompreensíveis. Porém não basta fazer silêncio, é preciso silêncio interno, pois só assim começaremos a ouvir o que antes não ouvíamos, nos tornamos mais humanos, mais compreensivos, e só assim poderemos ter uma visão diferente sobre o mundo, enfim uma visão mais humana.
João

ESCUTATÓRIA - RUBEM ALVES


Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto... (O amor que acende a lua, pág. 65.)
Fonte:
http://rubemalves.locaweb.com.br/hall/wwpct3/newfiles/escutatoria.php

Redação: Tema: os padrões de beleza impostos pela mídia.

A Era da Falta de Personalidade

A sociedade, nos últimos séculos, vem avançando rapidamente seus modos de pensar e, cada vez mais, exigindo e buscando a perfeição em todos os sentidos, inclusive quando se trata de beleza. O corpo sonhado, o cabelo perfeito, a roupa da moda nada mais é que um suposto padrão de beleza que a mídia impõe para ter um domínio sobre a sociedade.
A sociedade atualmente caminha sob o comando da mídia, onde ela nos apresenta pessoas totalmente artificiais e com um suposto padrão perfeito de beleza e nos impõe segui-lo e copiá-lo, o que -muitas vezes-frusta as pessoas por não terem esse padrão, o que lhes causa uma total falta de personalidade por quererem rapidamente estar na moda.
Portanto, percebe-se a ignorância e a falta de personalidade de alguns cidadãos, quem sabe não esteja aí o erro por termos uma sociedade tão omissa e neutra sobre os problemas e adversidades do cotidiano, estamos na era da falta de personalidade.
João Maidana Junior

Redação: Tema: a influência da internet na vida das pessoas.

  • A internet tem feito, cada dia mais, parte da vida de inúmeras pessoas, especialmente dos jovens, que não sabem a sutil diferença entre lazer e vício. E programas como messenger, orkut, facebook, etc. acabam tomando conta do nosso dia-a-dia, tendo mais influência sobre nosso modo de agir e pensar.
  • Aqueles que viram usuários frequentes, trocam o mundo real pelo virtual, e acabam transformando suas vidas em uma triste fantasia. Hoje existem diversos casos nos quais a internet, porta para benefícios, acaba se torando uma das maiores vilãs de nossas vidas. Assim controlando nossos atos, fazendo de nós, pessoas que vivem plugadas na rede e que necessitam de um micro na sua frente para viver, sim, viver, sem perceber que, após obtermos esse vício, perdemos os amigos, nos afastamos da família etc., para ficarmos mais tempo conectados.
  • O melhor modo de se prevenir desse uso obsessivo é notar quando começamos a nos apegar a um computador e precisamos de um micro para nos sentir vivo, isso não é bom, embora tenha vários benefícios usufruir desse serviço, jamais devemos nos esquecer dos prazeres reais que a vida nos proporciona.
Juliana Aires